domingo, 4 de maio de 2014

fala baixinho amor...
fala brando comigo
...eu tenho medo de ouvir-te
tão perto da minha lembrança

olha-me de um jeito afável
não derrame em mim
essa fúria incontida

eu já presenciei
muitas vezes
o amor
pouco a pouco morrer
engasgado de tanto sofrer

eu já fui resto de brisa
tentando aceitar
que às vezes
o mar precisa ir
seguindo a vazante

mesmo que deixe chorando
em outro porto
sua amada...amante...

mas
não desesperes amor
há uma certa delicadeza em deixar
que algo assim vá embora

como se a aurora se renovasse
e
mansamente explicasse
que o amor
sem o alimento adequado
também enlouquece

e
esquece
que nasceu para iluminar
o caminho

dos viajantes...

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